Fonte: Folha de São Paulo
O juiz Emílio Migliano Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, negou um pedido do prefeito Fernando Haddad (PT) para que o magistrado reconsiderasse sua decisão de suspender a lei sancionada que prevê o reajuste do IPTU na capital paulista.
O pedido de reconsideração foi apresentado pela Procuradoria do Município. Diante da negativa, Haddad deve recorrer ao Tribunal de Justiça para conseguir derrubar a decisão de Neto.
No dia 06/11/2013, o juiz derrubou os efeitos da lei, ratificando liminar que havia emitido na terça-feira (5).
A sanção do projeto foi publicada no “Diário Oficial” do Município de ontem. Segundo a prefeitura, Haddad assinou a sanção antes de ser notificado pela Justiça. Diante da publicação, o juiz emitiu a nova decisão que reforça a anterior.
A Justiça aceitou o argumento da Promotoria que a sessão na Câmara que aprovou o projeto foi ilegal.
Em seu despacho desta tarde, o juiz reiterou a ilegalidade do trâmite para aprovação. “É uma lição básica do direito administrativo: o ato administrativo nulo na origem macula todos os atos subsequentes. Não haverá espaço para malabarismos jurídicos para se esquivar da aplicação da lei”.
Ele critica Haddad na decisão. “O excelentíssimo senhor prefeito deve estar ciente de suas responsabilidades em todas as esferas (administrativa, civil e penal) em levar adiante um projeto de lei em que o representante do Ministério Público, que é o legítimo fiscal da lei, discute judicialmente, do ponto de vista formal, a legitimidade desse ato legislativo”.
[b]IMPOSTO[/b]
Ontem, Haddad disse que a decisão prejudica a metade mais pobre da cidade. “Pois o reajuste beneficia a parcela mais pobre que ou pagará menos do que anos anteriores ou terá o reajuste menor que a inflação. Este é um programa importante de justiça social”, afirmou.
O imposto terá aumento de até 20% para imóveis residenciais e até 35% para os demais em 2014. Nos anos seguintes, os limites máximos de aumento serão de 10% e 15%, respectivamente.
Em sua decisão, o juiz justificou que a Câmara aprovou, em segunda votação, um projeto que não havia sido incluído na ordem do dia. O texto foi incluído numa sessão extraordinária. Neto aceitou argumento do Ministério Público de que a Câmara não respeitou os princípios da legalidade e publicidade.
Além de questionar a irregularidade da votação, a Promotoria disse na ação que o reajuste causará “desocupação forçada” dos imóveis, já que moradores não terão condições de pagar o IPTU.
[b]NOVA SESSÃO [/b]
Vereadores já cogitam a hipótese de haver uma nova votação. “Não há problema em a Justiça pedir uma nova discussão. Vamos fazer um novo debate e votar”, disse José Police Neto (PSD), que votou contra a decisão.
O líder do PT na Câmara, Alfredinho Cavalcanti, disse ontem à Folha que, caso o projeto volte a ser votado, será aprovado novamente. “Creio até que conseguiremos mais votos para isso”, disse.